O processo de modelagem 3D para arquitetura gera muitas dúvidas e procedimentos que resultam na produção de modelos problemáticos. Isso gera uma grande perda de produtividade, já que o trabalho precisa ser refeito várias vezes. Tudo isso acontece porque não há um método claro que possa ser seguido por todos. Cada artista adota as suas próprias práticas e técnicas para gerar os modelos. Veja na Figura 01, uma comparação entre um modelo gerado corretamente e outro mais problemático.
Figura 01
Sempre que abordo esse tema em sala de aula, aconselho a todos utilizar um tipo de modelagem mais “limpa” para trabalhar com modelos 3D que facilitem futuras alterações com o mínimo de retrabalho. Porque isso é tão importante em modelos 3D para arquitetura? Os projetos arquitetônicos têm uma característica especial, eles mudam de maneira rápida. Então caso o seu modelo 3D não esteja preparado para se adaptar a essas mudanças, esteja preparado para refazer uma boa parte do modelo.
Para criar modelos que se adaptem de maneira fácil a qualquer tipo de mudança, existe apenas uma recomendação básica que pode fazer toda a diferença. Essa recomendação é “evite as operações booleanas”.
Isso mesmo, você deve evitar ao máximo utilizar aquelas opções de subtração, união e intersecção que existem em praticamente todos os softwares de modelagem. Utilizar essas operações a princípio pode parecer como uma grande economia de trabalho, mas isso pode resultar em mais trabalho no futuro. Para animações em que os objetos devem ser deformados isso já não é recomendável, já que o seu uso gera faces triangulares nos modelos que são difíceis de deformar.
Mas e em modelos arquitetônicos? O que acontece? Veja na Figura 02, o que acontece se um modelo criado com operações booleanas precisar ser editado. Por exemplo, caso um modelo que tenha sido construído usando a subtração das operações booleanas, precise de uma alteração como uma nova parede. Veja que uma série de novas arestas são adicionadas ao modelo depois da edição. Isso vai deixando o modelo cada vez mais poluído e difícil de manipular.
Figura 02
Essa é a maneira errada de construir um modelo, mas não quer dizer que o modelo não sirva para os seus propósitos iniciais. Você só vai enfrentar problemas com esse modelo quando chegar a hora de fazer alguma alteração. Como isso é uma prática comum em projetos arquitetônicos (até durante a obra eles mudam, imagine durante o projeto então…).
O que fazer então? Como construir modelos que absorvam bem as mudanças? Para conseguir modelos “limpos” eu aconselho a utilização de uma modelagem baseada em arestas. Vamos ver um exemplo desse tipo de modelagem para esse mesmo modelo apresentado nas Figuras 01 e 02. O primeiro passo é utilizar apenas uma aresta e depois criar extrudes consecutivos para obter uma base, como mostra a Figura 03.
Figura 03
O mais importante nesse estágio é deixar uma segmentação na base, que vai servir para alocar a abertura da janela. Veja que a base é composta por três faces. Depois que essas faces estiverem pronta, podemos fazer a extrusão geral. Selecione todas as faces e aplique uma extrusão, como mostra a seqüência na Figura 04.
Figura 04
Como é possível perceber na seqüência, o modelo resultante tem as arestas bem definidas e sem nenhuma face triangular. Caso seja necessário alterar a morfologia dessa parede, será fácil adicionar arestas ou outras aberturas sem grandes prejuízos para a divisão das arestas e faces.
O objetivo desse tutorial foi mostrar como é possível atingir resultados limpos sem o uso das operações booleanas. As imagens foram produzidas com o Blender 2.43, mas é possível aplicar esse conceito a praticamente qualquer suíte de produção 3D!
Com modelos mais organizados, teremos menos retrabalho.