A escolha de hardware para computação gráfica é sempre um dos assuntos que gera a maioria quantidade de dúvidas para artistas, pois envolve conhecimentos que não são comuns do nosso cotidiano. Na verdade, o que as pessoas querem é um computador que ofereça um equilíbrio entre desempenho e custo. Nessa hora é que entram as dúvidas sobre a escolha de componentes como placas de vídeo, processadores e a adoção de tecnologias novas como a CUDA da NVidia. Já publiquei diversos artigos sobre o assunto, e hoje vou complementar as dicas sobre hardware para computação gráfica com uma entrevista que fiz com o Paulo Seabra que é diretor de tecnologia da First Place, empresa especializada em hardware para computação gráfica profissional e gamers.

O Paulo gentilmente respondeu algumas perguntas sobre o tema, que podem ajudar muitas pessoas a escolher um computador para aplicações 3d.

Antes de começar com as perguntas, um mini-currículo sobre o nosso entrevistado:

Paulo Seabra é diretor de tecnologia da First Place, empresa que oferece soluções de alto desempenho para o público profissional e gamer. Nessa entrevista abordamos os principais aspectos que fazem a diferença na hora de comprar um computador otimizado para computação gráfica.

Nos fale um pouco da experiência da First Place na área de hardware para computação gráfica.

A First Place está no mercado a 6 anos vendendo computadores de alta performance e uma parcela expressiva dos nossos clientes adquire esses desktops profissionais para uso em modelagem e render e posteriormente nos trazem o feedback dos resultados reais nas aplicações, isso permitiu entender melhor as necessidades desse público e em qual plataforma o desempenho é superior, com isso as configurações foram ficando cada vez mais afinadas para produzir um equipamento que pudesse entregar o trabalho de render no menor tempo possível.

Como um computador destinado a trabalhos com computação gráfica de diferencia de PCs comuns? Existem requisitos especiais?

Não dá para pensar em computação gráfica pesada rodando em um hardware que não atenda alguns preceitos básicos. O equilíbrio entre todos os componentes é fundamental e começa por um gabinete robusto e bem arejado, passa por placas de vídeo que tenham suporte à tecnologias importantes de computação paralela como o CUDA™ e suporte ao OpenGL™ nas versões mais recentes, barramentos de memória velozes e dimensionados em quantidade correta e por fim termina em um excelente suporte e garantia ao usuário. Não dá pra imaginar que um PC vendido magazine que num eventual problema tenha que ficar 30 dias parado na assistência técnica seja uma opção de Workstation.

Na escolha de um computador, qual o componente deve ter atenção especial na configuração para computação gráfica? É melhor investir em processamento ou memória?

Com a forte implementação da tecnologia CUDA™ da NVidia™ a placa de vídeo assumiu um papel de destaque no correto dimensionamento de uma configuração para CG, com o CUDA™ consegue-se dividir grande parte da carga que era exclusiva do processador com a placa de vídeo então em escala de importância temos igualmente disposta a tríade: placa de vídeo, processador e memória e imediatamente abaixo temos os HD´s que geralmente formam o “gargalo” do PC no acesso de dados, isso não costuma ser problema durante a renderização mas na hora de carregar um projeto grande ter dois HD´s em RAID 0 ou um SSD (Disco sólido) faz toda diferença, inclusive os SSD estão cada vez mais rápidos e acessíveis sendo mais que nunca um item a se considerar em uma máquina nova.

A tecnologia CUDA™ existe também em placas voltadas ao público “gamer”, as famosas GeForce. É possível usar placas para jogos em aplicações profissionais?

Não é nada recomendável utilizar uma placa de vídeo para jogos em CG, a linha Quadro™ tem o hardware, software e drivers extensamente otimizado junto aos desenvolvedores dos principais aplicativos de render, essas otimizações fazem o canal direto entre os stream-processors da placa de vídeo e o pacote de instruções a ser trabalhado proporcionando uma velocidade de trabalho geralmente duas vezes maior com uso da placa correta, é uma diferença estrondosa, até para a linha Adobe e tratamento simples de imagem o resultado é muito interessante nas Quadro™. Curiosamente o inverso também é verdadeiro, rodar games com placas de vídeo profissionais costuma ser decepcionante.

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Na sua experiência com hardware para computação gráfica, é melhor que os usuários adquiram equipamentos completos, ou adquiram as peças de maneira independente? Quais as vantagens e desvantagens em ambos os métodos?

Uma máquina nova tem sempre a vantagem de ser equilibrada, de pouco adianta comprar uma excelente Nvidia Quadro 4000™ para instalar em um PC que ainda usa barramento DDR2 e processador de dois núcleos, a placa de vídeo de forma alguma dará 100% de rendimento; assim como a simples troca do processador durante um upgrade não garante mais que 20% de performance geral pois todo os outros sub-sistemas estarão defasados. A troca de todo o PC a cada dois anos geralmente garante um resultado de performance 60% superior em todas aplicações e isso sim é realmente expressivo na produtividade. Na ponta do lápis é o melhor método. Acredito que o upgrade pode ser vantajoso apenas para ganhar armazenamento adicionar HD´s por exemplo para aumentar o espaço disponível é válido, agora capacidade de processamento exige um investimento que dure ao menos 2 anos e depois aquele equipamento deve ser alocado pra outra função que não a computação gráfica.

Os componentes de um computador de alta performance demandam muito das fontes. Quais cuidados um usuário precisa ter ao selecionar uma fonte para um computador novo ou depois de upgrades?

A fonte é o mais simples e mais crítico de todos itens do computador, todos os componentes de um equipamento para CG tem um consumo nominal muito mais elevado que um PC simples principalmente durante uma renderização, isso demanda energia de qualidade, estável e sem transientes que deve ser provida pela fonte em diversas linhas de voltagens, se esse componente não for bem dimensionado qualquer outro investimento dentro do PC poderá ser perdido, é assustadora a quantidade de fabricantes de baixa qualidade que populam o mercado brasileiro então começamos por escolher um fabricante reconhecido como Corsair, OCZ ou Zalman e depois é indispensável fazer o calculo correto da demanda em Watts para os componentes do PC, em muitos casos para CG uma fonte de 700 Watts é necessária para manter uma boa margem de segurança.

Qual a diferença entre as chamadas fontes reais e as “comuns“? Elas são melhores para computadores de alta performance.

Uma boa fonte é melhor apenas no sentido de assegurar o correto funcionamento da máquina, elas não mudam o desempenho do computador para melhor. As fontes de “watts reais” não são nada além do que toda fonte deveria ser: um produto homologado para prover aquela quantidade de energia especificada no rótulo, as “fontes comuns” ou “fontes nominais” estampam um número fantasioso e entregam 10 vezes menos, não são indicadas nem para o mais básicos dos PC´s em virtude da completa falta de segurança do projeto elétrico.

Para finalizar a entrevista, você tem alguma recomendação de computador mais generalista para a área de computação gráfica 3d? Se o usuário quiser o topo de linha em performance, existem opções no Brasil para adquirir esses equipamentos?

A First Place tem trabalhado para oferecer esse tipo de solução que sempre foi escassa no Brasil, equipamentos de ponta com preço realista não costumam ser encontrados com facilidade e que ofereçam bons serviços de suporte fica ainda mais difícil, atualmente o Core i7 Render é nossa opção para quem quer trabalhar com CG e se surpreender com o resultado, porém temos opções mais avançadas como o Core i7 Harvest que integra o que há de melhor em hardware para CG, lembro ainda que essas configurações servem como base e podem ser 100% customizadas pelo nosso site e isso também pode ser feito juntamente aos nossos consultores que vão ajudar a encontrar o melhor custo benefício para sua necessidade.

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